Existem muito tipos de assassinos. Existem “serial killers”: assassinos em série e existem “mass murderers”: assassinos de massa. E existem os corruptos que roubam o dinheiro do Estado, chamados “colarinhos-brancos”.
Serial killers são horrendas deformações dessa obra magnífica que é a mente humana. Quando descobertos, e presos, julgados, condenados, geralmente sabe-se a extensão de seus crimes, quantas pessoas mataram, como, onde. Se tudo corre bem, encerram-se suas trajetórias macabras, Francisco Pereira, o Maníaco do Parque, é um exemplo.
Assassinos de massa são bombas psíquicas que explodem em raiva e loucura e massacram inocentes ─ como Anders Breivik, o norueguês fascista, ou Charles Whitman, o atirador da torre de Austin. Seus efeitos maléficos também são mensuráveis e limitados.
A terceira categoria, os “colarinhos-brancos” são uma espécie de cônjuge infiel desta cônjuge complacente que é a sociedade. Ontem à noite (Domingo, 04/03/2012) foi exibida no Fantástico uma matéria que mostrava as ações de vários destes malfeitores da vida pública, desvios, roubos, apropriação de bens públicos, nada nos deixou perplexo, desde os primórdios deste município até os dias de hoje vimos de perto fatos iguais ou mais mirabolantes que estes.
Essa terceira categoria criminosa arma trampolinagens, falcatruas, mutretas, golpes. Frauda, burla, desvia, suborna e é subornada. Tudo com dinheiro público, frutos do nosso suor, somos um dos povos que mais pagamos impostos de todo o mundo, e somos também um dos mais inertes na hora de cobrar resultados para o mesmo. Quando exposto, os nomes que se encaixam nessa categoria de assassinos, estes borram capas de jornais, viram assuntos em mesa de bar e sujam horários nobres de rádio e televisão durante certo tempo.
Depois, suavemente, os mesmos nomes vão se reintegrando à vida pública. Seus “feitos” vão sendo esquecidos. Alguns são mesmo eleitos ou reeleitos, outros integram ou orbitam órgãos oficiais.
Voltam com ar desafiador ou ar comovente (ou ambos) de injustiçados. Põem a culpa na oposição, culpa a imprensa por difamação e pedem controle sobre ela (“Errar é humano. Culpar outra pessoa é política” Hubert H. Humpherey). E a sociedade, cônjuge complacente, perdoa e aceita, pois esta tem memória curta.
Os “colarinhos-brancos” deveriam ser chamados de “colarinhos-sangrentos”. O que fazem, sem sujar ─ literalmente, claro ─ as mãos, resulta nas mortes de dezenas, centenas, milhares, ou dezenas ou centenas ou milhares de milhares de brasileiros, e Santana do Araguaia também está nessa triste estatística, pois em Santana também são praticados crimes contra o patrimônio público, aqui também se burla, frauda, desvia, suborna,...
Os “colarinhos-sangrentos”, como agora serão chamados, são mais que serial killers e mass murderers. São genocidas, são como bombas atômicas que destroem milhares de uma só vez.
Cada centavo que roubam dentro da estrutura do Estado vai resultar na falta do remédio que dona Fulana esperará e não receberá, lá na ponta, na fila do atendimento público, a tempo de salvar sua vida. Vai resultar na falta de leito ou de médico para o pequeno Fulaninho ser operado ou tratado ou diagnosticado em tempo de salvar sua vida lá na ponta da fila da cidadezinha cujo nome não interessa aos “colarinhos-sangrentos”, pois este povo só é chamado de “meu povo” por um "colarinho-sangrento" de dois em dois anos em época de eleição, porque um "colarinho-sangrento" não sabe o preço do feijão, não enfrenta fila, não sabe o que é o seu filho estudar com mais de 40 crianças e um professor mal pago (Entre todos os materiais escolares, o mais barato é o professor) e não conseguir progredir, não sabe o preço do gás, não sabe o preço do custo de vida, não sabe porque não tem necessidade de saber.
Estes centavos somados a outros muitos centavos roubados vão resultar nas estradas maltrapilhas que promovem chacinas atrás de chacinas, em pontes em estado crítico como essas de Santana a Redenção, vão resultar em ruas mal sinalizadas e esburacadas como estas semeadas nesse solo que já causaram tantas mortes e acidentes, vão resultar na falta de professores ou de merenda ou de condições de estudo para milhões de pequenos brasileiros que deixarão de ir à escola para irem às ruas, viver rapidamente e morrer jovens, vítimas das drogas, da fome, da prostituição, do desemprego, da desnutrição, da oportunidade que não teve...
Pausa.
Respire.
Respire mais um pouco.
Agora leia.
Como muito do dinheiro público não chega aonde deve chegar, o governo resolve “estudar” um novo imposto para a saúde. Colocar mais de nosso dinheiro à disposição dessas armas de extermínio que são os “colarinhos-sangrentos”. Reforço na ração dos chacais, que, por não matarem com as próprias mãos, acham que seus colarinhos são branquinhos e cheirosos
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Não são. Não esqueça.
São sangrentos. São imundos.
(Texto de CYRO MARTINS FILHO, no Jornal Zero Hora adaptado por YURE NICOLAU, O Bicho de Pé)
os colarinhos sangrentos de santana são terríveis
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