quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A Liga da Justiça


Os super-heróis destemidos, que travaram os mais belos embates a favor do povo santanense, os autos proclamados: Liga da Justiça.

Ouvi os discursos de alguns dos atuais vereadores, não vi ali homens disputando uma reeleição, e sim uma espécie superior, quase  semi-deuses. Exemplos de honestidade, perseverança, heroísmo, de lutas a favor do povo, travadores de duelos de titãs...Ouvi até declarações de amor ao povo santanense (que honra, isso me inclui! rsrsrs).

Frases como essas parecem piadas, mas não é (As frases segue em vermelho, eu sigo em verde)... O compromisso continua! Com quem? Aonde? Certamente com essa cidade não é! Vou continuar lutando para o bem estar desse povo! Que povo? O povo da casa dele? Ou mudou o próprio nome para povo? Deve ser, pelo menos é a única explicação lógica que encontrei. Vou continuar defendendo o servidor público! Aquele que ele arranjou uma vaga? Um parente? Um amigo? Não irei continuar para preservar minha sanidade mental.

Hoje Santana está do jeito que está, saiba que grande parte da culpa é desses homens aí, que compõe a Liga da Justiça! Por que? Porque vendem fácil o que não tem preço, DIGNIDADE NÃO TEM PREÇO! 

Recito aqui Eça de Queirós:

POLÍTICOS E FRAUDAS DEVEM SER TROCADOS DE TEMPOS EM TEMPOS, AMBOS PELO O MESMO MOTIVO.

Quer um conselho amigo eleitor? 



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mensalão: Pensem nesta vergonha, senhoras ministras e senhores ministros do Supremo: até agora, esta inocente é a única punida do mensalão!

Do Blog do Reinaldo Azevedo
Vocês têm de espalhar na rede a história desta mulher porque ela é a evidência viva do modo como “eles” operam. Ela se negou a endossar a roubalheira dos mensaleiros no Banco do Brasil. Sabem o que aconteceu? Perdeu o emprego, não consegue mais trabalho e já foi ameaçada de morte três vezes. Leiam a reportagem de Gustavo Ribeiro e Hugo Marques na VEJA desta semana.

A publicitária Danevita Magalhães não ajudou a desviar recursos públicos, como fez o PT e seus dirigentes, não fraudou empréstimos bancários, como o empresário Marcos Valério, nem sacou dinheiro sujo na boca do caixa de um banco, como fizeram os políticos. Sua situação, porém, é bem pior que a de muitos deles. Ex-gerente do Núcleo de Mídia do Banco do Brasil, Danevita foi demitida por se recusar a assinar documentos que dariam ares de autenticidade a uma fraude milionária.
Depois de prestar um dos mais contundentes depoimentos do processo — desconstruindo a principal tese da defesa, de que não houve dinheiro público no esquema —, Danevita passou a sofrer ameaças de morte e não conseguiu mais arrumar emprego. A mulher que enfrentou os mensaleiros cumpre uma pena pesada desde que contou o que sabia, há sete anos. Rejeitada pelos antigos companheiros petistas, vive da caridade de amigos e familiares, sofre de depressão e pensa em deixar o Brasil. Só não fez isso ainda por falta de dinheiro.
O testemunho da publicitária foi invocado várias vezes no corpo da sentença dos dois ministros que votaram na semana passada. Entre 1997 e 2004, Danevita comandou o setor do Banco do Brasil responsável pelo pagamento das agências de publicidade que fazem a propaganda da instituição. Sua carreira foi destruída quando ela se negou a autorizar uma ordem de pagamento de 60 milhões de reais à DNA Propaganda, do empresário Marcos Valério. O motivo era elementar: o serviço não foi e nem seria realizado. Mais que isso: o dinheiro, antes de ser oficialmente liberado, já estava nas contas da DNA, o que contrariava frontalmente o procedimento do banco. Ela, portanto, negou-se a ser cúmplice da falcatrua. Em depoimento à Justiça, Danevita contou ainda que ouviu de um dos diretores da DNA que a cam­panha contratada jamais seria realiza­da. “Como não assinei, fui demitida”, lembra.
Depois disso, ela não conse­guiu mais arrumar emprego e perdeu tudo o que tinha. Saiu de um padrão confortável de vida — incluindo um salário de 15000 reais, carro do ano e viagens frequentes — para depender da boa vontade de amigos e morar na casa da filha, que a sustenta. “Estou sofrendo as consequências desse esquema até hoje. O pior é que eu não participei de nada. Você deveria falar com Dirceu, Lula…”, disse.
Danevita hoje vive reclusa na casa da filha e evita conversar sobre o mensalão. Ela conta que sofreu três ameaças de morte. Sempre telefonemas anônimos, pressionando-a para mudar suas alegações às autoridades. Seu desespero é tamanho que, em entrevista a VEJA, ela pediu para não ser mais procurada: “Peço que me deixem em paz. Eu não tenho mais nada a perder”, disse. Danevita credita aos envolvidos no esquema — e prejudicados pelo teor do seu testemunho — as dificuldades que tem encontrado no mercado de trabalho. Apesar de um currículo que inclui altos cargos em empresas multinacionais, ela conseguiu apenas pequenos serviços. A publicitária não tem dúvida de que os mensaleiros a prejudicam, mas não cita nomes. “Fico muito magoada com isso. Já perdi meu dinheiro e minha dignidade”, desabafa. Ela não acredita que o Supremo Tribunal Federal vá punir os mensaleiros.
Situação parecida vive o advogado Joel Santos Filho. Ele foi o autor da gravação do vídeo no qual o ex-diretor dos Correios Maurício Marinho aparece recebendo propina e contando como funcionava o esquema de arrecadação do PTB. A reportagem, publicada por VEJA em maio de 2005, está na gênese do escândalo. Foi a partir dela que o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson, revelou a existência do mensalão. Joel conta que foi chamado por um amigo empresário, que tinha os interesses comerciais prejudicados nos Correios, para colher provas de que lá funcionava um esquema de extorsão. Pelo trabalho de filmagem, não ganhou nada e ainda perdeu o que tinha. Durante as investigações do mensalão, Joel teve documentos e computadores apreendidos — e nunca devolvidos. Apesar de não ter sido acusado de nada, foi preso por cinco dias e ameaçado na cadeia: “Fui abordado por outro preso, que disse saber onde minha família morava e minhas filhas estudavam. Ele me alertou: ‘Pense no que vai falar, você pode ter problemas lá fora”. Joel sustenta sua família hoje por meio de bicos. “Fiquei marcado de uma forma muito negativa”, lamenta.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Utilidade Pública

A galera da banquinha do Cheiro-Verde localizada na Rua Pastor Martiniano, antigo Tem-Tem avisa:

Estamos fazendo uma Pesquisa Boca de Urna durante esses próximos 05 dias...

Dia 07 de outubro você vai votar em quem para prefeito, Alencar 45 ou Eduardo 15?

Para participar dessa pesquisa é só ir ao local.



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Mensalão: A filha do mensalão


Por Guilherme Fiuza

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, é uma figura muito importante para o Brasil. Os brasileiros gostam de sonhar com a purificação de Dilma Rousseff, parindo teses quase diárias sobre a independência da presidente em relação a Lula. Toda hora alguém descobre que Dilma é diferente, que não transige com os métodos do padrinho, que não admite os contrabandos éticos da ideologia companheira etc. Aí surge o ministro intocável para despertar esse povo crédulo de seus doces delírios. Gilberto Carvalho é a partícula de Deus do lulismo, a prova científica da matéria lulista em Dilma.
E quando o Brasil se esquece desse fato, o próprio Gilberto Carvalho se encarrega de lembrá-lo. Tudo ia muito bem para o governo Dilma no julgamento do mensalão, com a opinião pública olhando para os réus do valerioduto como se aquilo fosse uma história de época, um filme de máfia sobre um passado que passou. Foi quando surgiu a voz sensata de Carvalho para avisar: “Quem aposta no desgaste do governo (com o julgamento do mensalão) vai se decepcionar!” Pronto. Ali estava o bóson de Higgs do governo popular se entregando no inconfundível estilo petista – fazendo o pênalti e depois levantando os braços para dizer “não fui eu”.
Os braços levantados do zagueiro Carvalho, com seus dez anos de palácio unificando os gabinetes de Lula e Dilma, falam mais que mil palavras. Mas ele fez questão de ser didático. Comparando a repercussão atual do julgamento com a do escândalo em 2005, o ministro lembrou: no que “baixou a poeira do debate político”, o povo apoiou “o processo”, reelegendo Lula em 2006 e elegendo Dilma em 2010. Estava mais do que na hora de alguém gritar que “o processo” de Lula e Dilma é o mesmo, inclusive na testada e aprovada capacidade de ganhar eleições e manter a popularidade alta apesar das trampolinagens.
A mensagem de Gilberto Carvalho ao país é muito rica, contendo alta carga conceitual, mas pelo menos uma tradução bem simples pode ser feita: percam as esperanças de nos desmascarar, porque o eleitorado não está nem aí para os nossos esquemas parasitários.
O brado do ministro da Secretaria-Geral da Presidência foi ouvido, coincidentemente, depois da apresentação da defesa de José Dirceu no Supremo Tribunal Federal. O advogado do ex-ministro e suposto chefe da quadrilha lembrou que Dilma, quando ouvida no processo, proferiu um nada-consta sobre Dirceu quanto ao seu tráfico de influência junto aos bancos do mensalão. Um sutil gesto de solidariedade com o companheiro de armas que, no presente momento, poderia soar comprometedor – se a platéia fizesse um pequeno esforço para se lembrar que a venerável dama de ferro não veio de Marte.
Dilma veio, precisamente, do planeta Dirceu. Sua ascensão à Casa Civil foi articulada pelo próprio, no exato momento em que ele caía em desgraça com o estouro do escândalo. Dilma é, portanto, filha do mensalão. E fez questão, em plena cerimônia de posse, de mostrar lealdade ao antecessor que afundava com as revelações sobre o valerioduto. Só a opinião pública consegue separar a presidente do grupo que está sendo julgado no Supremo – separação que nem ela mesma jamais fez.
Os quase 80% que aprovam Dilma Rousseff de olhos fechados (e bem fechados) devem considerar mera coincidência as companhias que a afilhada de Dirceu cultiva em sua trajetória gerencial: Erenice Guerra, os consultores Antonio Palocci e Fernando Pimentel (este ainda pendurado no governo graças à grande gestora-amiga) e outros filhos do “processo” Lula-Dilma que ficaram pelo caminho, como Orlando Silva, Carlos Lupi e grande elenco parasitário – todos parentes políticos da grande família de mensaleiros e aloprados, com os quais a presidente, Deus a livre, não tem nada a ver.
Quem tiver dúvidas, preste atenção às palavras do ministro Gilberto Carvalho encerrando o assunto: “A presidenta Dilma nos deu a orientação de seguirmos trabalhando rigorosamente, seguindo nossa tarefa de governo, numa atitude semelhante à que o presidente Lula já tomara em 2005.” Como se vê, o “processo”, “esquema” ou como se queira chamar esse caso de polícia com fantasia de revolução é exatamente o mesmo há dez anos. Marque o pênalti, seu juiz.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Eu não gosto de política


Inúmeras vezes, incontáveis vezes, tenho ouvido de amigos essa frase, proferida como suma expressão de bom gosto e de elevada sensibilidade moral e estética. É como se estivessem acrescentando: “Prefiro Thomas Morus, prefiro Chopin, prefiro os pintores impressionistas…”
Sistematicamente respondo tal observação com um comentário: “E quem te pediu para gostar?” Gostar ou não gostar de política é absolutamente irrelevante, como irrelevante é gostar ou não gostar de inúmeras coisas indispensáveis à vida cotidiana no mundo em que vivemos. E note-se, muitas delas são tão decisivas para nossa existência que, apreciando ou não, nos empenhamos em fazer bem feito o que nos corresponde.
A política é uma dessas coisas decisivas, realidade irremovível da vida de quem se recuse a viver no mato. E é uma realidade com fortíssimo poder de determinação sobre a qualidade da vida social e econômica, sobre os valores, sobre a dignidade da pessoa humana e sua concretude, sobre o progresso e a civilização.
Boa parte do que podemos relacionar como especificamente individual, e praticamente tudo o que se abriga com o agasalho social, depende da política. Portanto, repito: gostar ou não é uma questão apenas sensorial. Já o desinteressar-se é atitude moralmente irresponsável.
Ninguém dirá que, por não gostar, se afasta, desdenhoso, do trabalho que faz, dos filhos cujas fraldas precisam trocar e dos pais enfermos que precisam ser cuidados. Da mesma forma, estamos irrevogavelmente condicionados por preceitos e realidades determinados pela política. A política é uma das várias dimensões naturais da pessoa humana. Entramos nela pela concepção e não saímos dela nem depois do enterro porque, é pela via política, que nossas disposições testamentárias encontram base legal e vigência.
Formulo então para os leitores uma confidência: eu também não gosto da nossa política. Aliás, estou convencido de que para gostar da política nacional, com a temos hoje, se requer uma absoluta ausência de bom gosto. Quase tudo, nela, causa engulhos aos estômagos mais sensíveis. E é exatamente por isso que ela me interessa, que procuro estudar e conhecer as causas determinantes de seus incontáveis descaminhos e que me dedico a apontar novos rumos institucionais capazes de fazê-la servir como deveria ao bem comum.
Cidadão que me lê. Saiba que você é cidadão porque vive numa sociedade política. Queira ou não queira. Pode fazê-lo de modo mais abrangente, inclusive como participante do jogo eleitoral na condição de dirigente partidário, candidato, detentor de mandato ou cargo político. Mas não escapa de participar, ainda que em forma de inserção menos proativa (para usar uma expressão da moda), como eleitor.
No entanto, ainda que apenas como eleitor, você tem imensa responsabilidade moral em relação ao seu voto e ao interesse que aloca na formação de seu discernimento e de seus critérios de decisão. Se você, como tantos, vota em qualquer um (e qualquer um costuma ser o tipo do sujeito que faz qualquer coisa) ou vota em alguém pensando no seu próprio interesse, não se surpreenda quando aquele em quem votou passar a cuidar do interesse dele mesmo. Tal conduta estará apenas reproduzindo a sua. Ou não?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Mensalão: Se os cinco bacharéis não mentiram, o Brasil precisa pedir perdão aos mensaleiros e exigir a prisão do procurador-geral da República

Por Augusto Nunes


O advogado José Luiz Oliveira Lima, defensor de José Dirceu, ficou irritado com Roberto Gurgel, procurador-geral da República. Garantiu que seu cliente, desde que assumiu a chefia da Casa Civil, ficou ocupado demais para se meter em assuntos do PT. A trabalheira no Planalto era tanta que, mesmo que existisse a quadrilha inventada pelos inimigos de Dirceu, ele nem teria tempo para chefiá-la. Dirceu é inocente, jura o doutor Oliveira Lima.
O advogado Luis Fernando Pacheco, defensor de José Genoíno, ficou bravo com Roberto Gurgel.  Depois de lembrar que seu cliente nem foi eleito presidente do PT ─ teve de assumir o cargo que  Dirceu trocou pela Casa Civil ─, garantiu que o réu se limitou a lidar com questões políticas. Como é ruim de conta, só assinou papéis e recibos que Delúbio Soares ou Marcos Valério lhe apresentaram. Genoíno é inocente, jura o doutor Pacheco.
O advogado Arnaldo Malheiros Filho, defensor de Delúbio Soares, ficou aborrecido com o procurador-geral da República. Garantiu que seu cliente, concentrado nas funções de tesoureiro nacional do PT, nunca lidou com questões políticas, muito menos com barganhas envolvendo aliados. Forçado pelas circunstâncias a abastecer o caixa dois do partido, precisou recorrer a recursos não contabilizados. Delúbio é inocente, jura o doutor Malheiros.
O advogado Marcelo Leonardo, defensor de Marcos Valério, ficou indignado com Roberto Gurgel. Garantiu que seu cliente jamais participou de assaltos a cofres públicos, não armou maracutaias bancárias, não descumpriu contratos e nunca viu sequer a cor de malas de dinheiro. Limitou-se a tirar dinheiro do próprio bolso para ajudar o PT a pagar despesas de campanha. Marcos Valério é inocente, jura o doutor Leonardo.
O advogado Hermes Guerrero, defensor de Ramon Hollerbach, ficou magoado com o procurador-geral. Garantiu que seu cliente, embora fosse sócio de Marcos Valério, jamais soube direito que tipo de negócio o parceiro de negócios andou fazendo. Argumentou que o publicitário sempre aparece acompanhado nos episódios mencionados pela acusação, insinuando que os culpados são os outros. Hollerbach é inocente, jura o doutor Guerrero.
Se os bacharéis do mensalão não mentiram, absolver os réus será pouco. Além de pedir desculpas a Lula, o Brasil inteiro precisa também pedir perdão aos patriotas injustiçados. E exigir que o procurador-geral Roberto Gurgel seja sumariamente condenado por injúria, calúnia e difamação. Fora o resto.

Mensalão: Assistimos ontem a um verdadeiro desfile de heróis, de homens destemidos, que só pensam no bem da humanidade: Dirceu, Genoino, Delúbio, Valério… O dia reserva novos heróis

Por Reinaldo Azevedo


Falaram ontem cinco advogados de defesa.
A defesa é um princípio sagrado da democracia. Já lembrei aqui que é de tal sorte importante que o estado tem de indicar o defensor mesmo do pior facínora se este não tiver meios para fazê-lo. Na origem, esse é o direito essencial do indivíduo contra o estado. O fato de ser esse um fundamento das sociedades livres não quer dizer, no entanto, que seu conteúdo não possa ser analisado e que vieses que agridem o próprio estado democrático, o senso de justiça e a verdade não sejam, às vezes, brandidos pelos advogados. Assim, discordar das teses, apontar as suas falhas, lembrar eventos que contrastam com o discurso apresentado no tribunal não constituem agressões ao direito de defesa coisa nenhuma! Ao contrário: significa admiti-lo como parte do jogo.
Muito bem! Como vimos nas cinco defesas feitas ontem — e certamente veremos naquelas de hoje —, todos são inocentes. Estiveram envolvidos no que chamam “apenas” caixa dois, que é um “ilícito”, como chamou Arnaldo Malheiros, advogado de Delúbio Soares, mas não um crime. Então aquela lambança toda, aquela dinheirama que precisava circular até em carro forte e com seguranças privados, tudo aquilo buscava somente liquidar dívidas de campanha. Atenção! O esquema estava em vigência em 2005 ainda, quando foi denunciado. Estariam todos pagando dívida de campanha de 2002, já à véspera da eleição de 2006??? Ai, ai…
Todos os advogados, alguns com mais ênfase, outros com menos, reafirmaram essa tese. O QUE SIGNIFICA AO MENOS UMA COISA: A ADMISSÃO EXPLÍCITA DE QUE TODO AQUELE DINHEIRO CIRCULOU NA ILEGALIDADE. Digam-me aqui: importa mesmo o que se fez com o dinheiro ilegal?
Dirceu e o PT
Mesmo cassado por corrupção na Câmara, mesmo com os direitos políticos cassados, mesmo sendo apenas um “consultor de empresas privadas” — vale dizer: um lobista! —, José Dirceu manda em fatias consideráveis do PT. Mais do que isso: VEJA flagrou-o se esgueirando com autoridades do governo, do Congresso e de estatais em quartos de hotel. Numa entrevista à revista Playboy, jactando-se de sua influência no Planalto, considerou: “Um telefonema meu é um telefonema…” Sem a entonação, claro!, perde-se muito do peito estufado da frase.
Não descarto que o advogado Oliveira Lima tenha virado mesmo amigo de Dirceu e até se emocionado com um torpedo seu (ver post), mas me digam: será que ele realmente acredita que a gente acredita que Dirceu não sabia o que ia pelo PT e pelos partidos da base aliada, embora fosse ele o encarregado de proceder a distribuição dos cargos? Aí ele esganiçava a voz: “Vamos ver o que dizem os autos”. E elencou testemunhos de gente que sustentava que o Zé já não mandava nada no PT. Quem? Ora, os petistas Ideli Salvatti, Carlos Abicalil, José Eduardo Cardozo, Lula, Dilma Rousseff… Para tanto, será preciso ignorar o testemunho de líderes de outros partidos que asseguraram que os acordos eram celebrados pessoalmente com Dirceu. E no Palácio do Planalto! O réu em questão se encontrou com a direção do Banco Rural quando o banco fez um dos “empréstimos” ao esquema. Qual o motivo da conversa? Tratar de uma pendência que a instituição financeira tinha envolvendo o Banco Mercantil de Pernambuco.
Marcos ValérioO advogado de Marcos Valério, o que teve mais trabalho, negou cada uma das acusações contra o seu cliente. Afirmou, como se isso tivesse sido contestado, que os empréstimos bancários que o BMG e o Rural fizeram ao empresário — seriam os recursos do mensalão — eram formalmente legais, o que, diga-se, nunca se contestou. Formalizados estavam. O que se descobriu é que não eram para valer. Também sustentou que todo o dinheiro do fundo Visanet que foi parar nas contas das empresas do publicitário — R$ 76 milhões — era privado. A administração, com efeito, era privada, mas o Banco do Brasil detinha 30% do fundo. Constatou-se que só 1% do serviço prometido foi efetivamente prestado. Uma generosidade… privada!!! Assegurou que a apropriação da chamada bonificação por volume, também envolvendo o BB, era legal.
Marcelo Leonardo até pode acreditar no que diz, isso não importa, mas sabe que é difícil convencer. Por isso, encerrou sua intervenção de modo insólito, solicitando moderação dos ministros na aplicação da pena caso seu cliente seja condenado. Delúbio — escrevi um texto longo a respeito ontem à tarde — também é inocente. E tudo não passou de caixa de campanha. José Genoino não sabia de nada, embora presidisse o partido, e o sócio de Valério não mexia com essas coisas… Então tá.
Assim…Eis a importância de esse processo estar unificado. Se os ministros do Supremo se deixarem convencer pelos argumentos da Defesa, isso significará dizer que aqueles crimes todos nunca existiram, tenham o nome que tiverem — “mensalão”, “estrovenga”, “trapaça”, “oitava maravilha”… Que diferença faz? Se houve o crime, há os criminosos. Não! A Visanet não era um fundo apenas privado. Não! As agências não poderiam ter embolsado a bonificação por volume. Não! Os empréstimos, está muito claro, tinham existência apenas formal. Era uma maneira de “legalizar” a entrada de dinheiro público nas empresas de Valério.
Desfile de heróisO que vi ontem no STF foi um desfile de heróis. O único um pouco mais contido na exaltação das virtudes quase sobre-humanas do cliente foi Arnaldo Malheiros, que defendeu Delúbio. Dirceu era o lutador, impávido colosso, vítima de uma grande injustiça. Se condenado, disse Oliveira Lima, a Constituição estará sendo ofendida. Genoino, lembrado como “um verdadeiro homem de esquerda”, estaria sendo perseguido, assegurou Luiz Fernando Pacheco, só porque tinha sido presidente do PT. Depois de afirmar a tolice monumental de que a população havia perdoado as lambanças do partido ao reeleger Lula em 2006 e eleger Dilma em 2010, avançou para o patético: haveria contra seu cliente uma perseguição “nazista”. Marcelo Leonardo não hesitou em usar a doença de filho de Valério — a criança, infelizmente, morreu — para exaltar as virtudes superiores do pai. Tudo, enfim, muitos decibéis épicos acima das qualidades públicas das personagens, todas conhecidas.
Como é que tantos inocentes conseguiram movimentar um esquema criminoso tão gigantesco? Esse é certamente um enigma que os advogados de defesa não se atrevem a responder. Haveremos de fazer essa pergunta aos ministros que julgarem que eles não são culpados. “Que esquema criminoso, Reinaldo? Era tudo caixa dois, com os empréstimos feitos pelo Rural e BMG às agências de Valério!” Ah, sei… Digamos que fosse (mas não é). Como é que o PT contava pagar a dívida?
Ao fim do julgamento do mensalão, saberemos se o STF oferecerá ao mundo uma nova modalidade na área: o crime que gera a si mesmo, o crime sem criminosos. Se acontecer, a gente faz como Chico Buarque e canta: “Chame o ladrão!”

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Política nacional: Os 11 do Supremo começam a decidir hoje o destino de 200 milhões, não apenas de 38 pessoas


O Supremo Tribunal Federal começará a decidir hoje, caso não seja atropelado ou se deixe atropelar por alguma manobra, que cara pode ter o Brasil nos próximos cinco, dez, quinze, cinquenta anos… Se os ministros da Corte — sempre atentos às provas, claro!, mas cientes de que corruptos profissionais não costumam deixar ato de ofício — disserem ao país que são inaceitáveis os episódios reunidos sob o nome-fantasia “mensalão”, então temos futuro ao menos, desde que passemos a fazer as coisas certas. E só há uma maneira de eles dizerem isso: condenando os réus. Se, por outra, a maioria decidir inocentá-los, especialmente ao núcleo duro do escândalo (José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Marcos Valério), então, meus queridos, será o caso de rezar. Porque a esse eventual resultado desastroso se seguirá um verdadeiro tsunami de imoralidades. Afinal, se aquelas são transgressões menores, que não merecem o peso de uma pena, então tudo é permitido entre o Oiapoque e o Chui.
Guardemos estes nomes: Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux e Rosa Weber. Eles não estão decidindo apenas uma pequena parte da vida de 38 pessoas. Eles estão decidindo é o destino de 200 milhões de brasileiros e de outros milhões que estão por vir. Guardemos esses nomes: eles poderão restar na história como personagens de um marco histórico: o dia em que as leis brasileiras disseram aos poderosos que eles não podem tudo. Guardemos esses nomes para que sejam decorados por nossos filhos e por nossos netos. Eles poderão vir um dia a ser exaltados como os protagonistas do dia do “Basta!” Mas também poderão ser execrados como exemplos acabados de promotores da impunidade.
Não se deixem intimidar pela rede petralha, que vem com a tese furada, vigarista, de que tudo não passou de caixa dois de campanha, coisa menor, quase uma besteirinha. Não se deixem sequestrar pela falácia. Se usaram o dinheiro para pagar dívidas de campanha ou para tomar Chicabon, isso não muda a natureza dos crimes cometidos para obter os recursos. Eu insisto neste ponto: tanto pior se a dinheirama ilegal, vinda de empresas e órgãos públicos, foi usada para financiar eleições. Isso quer dizer que recursos públicos foram empregados para fraudar um dos pilares da democracia. Se a turma tivesse usado a grana para cair na farra, acreditem!, seria igualmente grave do ponto de vista moral, mas menos deletério no que concerne à ordem democrática.
Os 11 do Supremo estarão escolhendo um futuro para o país. Então não é esta a Casa que, num impulso moralizante — ainda que eu ache a tese discutível —, aprovou a Lei do Ficha Limpa? Que limpeza espera da política quem, na prática, condescende com o uso do dinheiro público como se privado fosse, usado para financiar partidos políticos e parlamentares? Se houve crime eleitoral também — e isso parece incontroverso —, ele está no uso que se fez do dinheiro, não na maneira usada para consegui-lo.
Exemplo de lambança
Já reproduzi aqui e faço-o de novo trecho do relatório da CPMI dos Correios que explica como funcionavam os “empréstimos” feitos pelo Banco do Brasil às agências de Marcos Valério. Vale a pena reler:
1.2 – O Banco do Brasil e empresas associadasAs ligações das agências do Senhor Marcos Valério com as empresas do governo podem ser a fonte dos recursos que foram destinados às pessoas indicadas pelo Sr. Delúbio.
Pode-se tomar como exemplo o contrato de publicidade e propaganda celebrado entre o Banco do Brasil e a empresa DNA, que foi objeto de auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União em que se constataram irregularidades na sua execução.
Os Bônus de Volume, diferente de bonificação, deveriam ter sido transferidos ao Banco do Brasil, de acordo com o contrato, mas não o foram. O Banco, por seu turno, não tomou as medidas para receber esses valores, em descumprimento aos arts. 66 e 67 da Lei n° 8.666/93 e às cláusulas contratuais. Segundo o TCU, o prejuízo pode ter chegado a RS 37.000.000,00.
A Companhia Brasileira de Meios de Pagamento – Visanet – e a Servinet também podem ter sido utilizadas pelo Banco do Brasil para repassar recursos ilegais à DNA. Essas empresas repassaram, à DNA, R$ 91.149.916,18 no período de 2001 a 2005 e, segundo o Senhor Antônio Luiz Rios (sócio das duas empresas), não mantinham contrato com a DNA. Conforme seu depoimento, desde 2001 os pagamentos à DNA pela Visanet são oriundos do Programa “Fundo de Incentivo Visanet”, proposto pelo Banco do Brasil, sendo que os repasses se davam mediante autorização do Banco.
A CPM1 rastreou os dois maiores créditos efetuados pela Visanet à DNA – R$ 23,3 milhões em 20/5/2003 e R$ 35 milhões em 12/3/2004 e verificou que:
a) quanto ao crédito de RS 35 milhões, observa-se que, em 12/3/2004, a Visanet depositou R$ 35 milhões na conta da DNA no Banco do Brasil; no dia útil imediato, a DNA transferiu R$ 35 milhões para outra agência do Banco do Brasil e, no mesmo dia, aplicou R$ 34,8 milhões em fundo de investimento do Banco; pouco depois, em 22/4/2004, a DNA efetuou uma TED de R$ 10 milhões a crédito do Banco BMG, referente à compra de certificados de depósito bancário; quatro dias depois, em 26/4/2004, foi concedido empréstimo de exatos R$ 10 milhões do Banco BMG a Rogério Lanza Tolentino & Associados. Como garantia, apenas o aval de Marcos Valério Fernandes de Souza e Rogério Lanza Tolentino e a aplicação financeira da DNA junto ao BMG acima referida. Apenas após a instalação da CPM1 foi proposta a execução judicial do crédito.
b) no tocante ao crédito de RS 23,3 milhões, verifica-se que, em 19/5/2003, a Visanet depositou R$ 23,3 milhões na conta da DNA no Banco do Brasil; no dia seguinte mesmo, a DNA aplicou R$ 23,2 milhões em fundo de investimento do próprio Banco do Brasil; depois, estranhamente, em 26/5/2003, a SMP&B, também pertencente a Marcos Valério, tomou empréstimo de R$ 19 milhões no Banco Rural. Há fortes indícios de que esses empréstimos, na verdade simulados, serviram de fonte de recursos para distribuição de dinheiro, conforme admitiram os próprios envolvidos, Srs. Delúbio Soares e Marcos Valério.
(…)
VolteiDeu pra entender a lambança? Sim, senhores! Os 11 do Supremo estarão dizendo se o Brasil passará a considerar corriqueiras essas práticas. Não adianta! Se o Supremo procurar um memorando em três vias de alguma autoridade mandando fazer isso e aquilo, não vai encontrar, por certo. As evidências da cadeia criminosa se encontram na relação que os réus mantinham entre si e na cadeia de subordinação. Imaginar que Delúbio Soares, por exemplo, fosse o nº 1, o nº 2 ou nº 3 do partido é desses delírios ridículos. O Supremo julgue Dirceu como lhe parecer, mas uma coisa é certa. Se deixasse memorando assinado, não seria Dirceu. Porque é quem é, então não deixa. A questão é saber quem articulava a base de apoio do governo e como essa base se aproveitou desse esquema. Isso tudo está devidamente caracterizado.
Os 11 do Supremo estarão, a partir de hoje, acertando menos as contas do Brasil com o seu passado do que estabelecendo um pacto com o futuro. Se o tribunal disser, em nome da nacionalidade, que determinadas práticas são inaceitáveis e serão severamente punidas, então os agentes públicos saberão que certas linhas não devem ser cruzadas. Mesmo aqueles que se virem a tanto tentados podem ser coibidos pelo receio da punição. Se, ao contrário, derem uma piscadela para o vale-tudo, numa interpretação rebaixada, lassa e relapsa do que se entende por um tribunal “garantista”, então as garantias do conjunto dos brasileiros é que vão para o lixo.
É preciso que jamais percamos uma questão de vista: a penca de crimes cometidos tinha um intuito: passar a governar a país por meio de um estado paralelo, financiado por dinheiro ilegal, para atender a uma agenda que estava fora dos limites institucionais.
Por essa razão esse é o mais grave caso de corrupção da história do país e o julgamento mais importante jamais havido no Supremo. Anotem os respectivos nomes dos 11 ministros. Com eles, faremos história e contaremos a história. Vamos ver qual.

Ovos que galinha não botou


Semana passada publiquei um texto do Blog do Juarez Nogueira com o título Manual de sobrevivência do eleitor em eleições repletas de vigaristas e por meio deste faço aqui uma ressalva sobre o "novo na política", de quem nunca se atentou a nada politicamente e agora na "hora H" diz ser a salvação desta cidade, será? Pras regras existem exceções , é verdade, mas quando se trata de política são raras e desconhecidas.

A renovação faz parte em qualquer parte, é arte no jogo. Mas também é verdade que o novo por aqui já nasce velho, na velhacaria de coligações velhas, no vínculo eterno com velhos partidários, em partidos que o único objetivo é a repartição dos lucros, onde os interesses vão além do bem comum e tentam exaustivamente uma Secretaria com porteiras fechadas e cofres incluídos.

Já temos por aí candidatos a vereadores prometendo obras de grandes proporções, com promessas fajutas ao pé do ouvido, de casa, comida e roupa lavada, de emprego garantido na casa da mãe Joana, tudo bem, é verdade que muitas vagas irão surgir, afinal, são mais de 500 contratados, mas bem mais verdade que isso é que existem meios legais para isso, ou seja, concurso público. E verdade bem maior que as anteriores é que função de vereador é legislar, se quer viver de fazer promessas vazias, que tivesse se candidatado a prefeito.

Como dizem; a política transforma homem bom em malandro, mas não transforma malandro em homem bom, e tem muito malandro pregando de bom moço. Há muitos candidatos que não sabem as funções e atribuições do cargo pretendido, no entanto sabe quanto ganha no final do mês, por aí tiramos conclusões.

O novo sem ter mérito é o velho sem ter obra, e igual com igual é a mesma coisa! É ovo que galinha não botou. Se botou está choco!